Desde 1992, a rede ferroviária que liga os municípios de Bento Gonçalves, Garibaldi e Carlos Barbosa é istrada pela Giordani Turismo. O eio de Maria Fumaça ocorre diariamente, variando entre quatro a seis viagens diárias, dependendo da baixa ou alta temporada. O percurso é de 23 quilômetros e contempla até quatro horas de atividades. Conforme a empresa, mais de 330 mil turistas realizam o eio anualmente.
Além da Maria Fumaça, a Estação Férrea de Garibaldi integra o projeto Garibaldi: Uma Cidade de Cinema, que foi lançado em maio pela prefeitura. A ferrovia também aparece no longa-metragem O Filme da Minha Vida, do ator Selton Mello.
As viagens de trem pela Serra fazem parte da lembrança e da saudade do aposentado Acyr Girondi, 86 anos. Morador de Garibaldi, ele recorda das facilidades trazidas pelos trilhos de ferro nas décadas de 1930 e 1940:
— Era um luxo, porque não tinha barro, nem atolador. Mas eram poucas as pessoas que tinham um poder aquisitivo para andar de trem. Naquela época, a gente vivia da agricultura, então não se tinha muito dinheiro.
Girondi recorda que a primeira vez que pisou dentro de uma locomotiva tinha menos de cinco anos. Os destinos variavam, mas geralmente ele seguia para Carlos Barbosa, Bento Gonçalves ou Caxias do Sul para visitar os familiares. Os eios foram repetidos diversas vezes até meados da década de 1940.
— Eu lembro que tinha os vagões de primeira classe e os de segunda. Os de primeira eram os mais caros, tinham bancos estofados, eram de luxo. Nos vagões de segunda, os bancos eram de madeira, mais simples. Se a gente queria comer algo, tinha de comprar nas estações em que o trem parava. Lá, eles vendiam frutas e pastel — relembra.
Segundo o aposentado, não era raro também a locomotiva fazer paradas para "abastecer" com a lenha ou a água que enchiam as caldeiras.
— A agem era comprada com o chefe da estação, chamado de estacionário. Não tinha número, quem entrava primeiro ia escolhendo os lugares. Para ir até Caxias, por exemplo, a gente tinha de ir até (Carlos) Barbosa e esperar a locomotiva que vinha de Porto Alegre, para fazer a baldeação — recorda o aposentado.