
Liberato Salzano, no norte do Estado, espera colher 23,4 mil toneladas de laranjas e bergamotas em seus mais de 1 mil hectares de plantação de citros neste ano. O volume é 56% maior do que em 2024, quando a safra foi de 15 mil toneladas em razão da estiagem.
O aumento é resultado do cuidado com os pomares depois de uma série de investimentos dos agricultores, como aponta o extensionista rural da Emater de Liberato Salzano, Valtemir Bazeggio:
— Os produtores investiram mais em adubação e tratos culturais, pois tiveram bons preços e os incentivou. Essa boa recuperação nos fez ter uma estimativa inicial de 28 mil toneladas, mas uma estiagem no final de 2024 e início de 2025 reduziu um pouco a expectativa de colheita, principalmente pela redução do calibre das frutas.
Com 5,2 mil habitantes, Liberato Salzano é um dos principais produtores de laranja do RS. O incentivo começou na década de 1980, quando uma indústria valorizou o plantio na cidade. Hoje 272 famílias têm a citricultura como atividade de diversificação da produção em suas propriedades.
Ao todo, o município tem 1.002 hectares de citros, sendo 950 hectares de laranjas e 52 hectares de bergamotas. A maioria da produção é destinada para indústrias de sucos, tanto dentro de Liberato Salzano quanto para outras indústrias do RS. As frutas inteiras são enviadas para supermercados e feiras, como a Seasa.
Clima interfere no gosto e beleza da fruta

A colheita da laranja deve acontecer entre os meses de julho e setembro. Por enquanto, a expectativa dos produtores é de que os dias de baixa temperatura favoreçam as frutas, fazendo que cheguem mais saborosas à mesa dos consumidores.
Porém, a amplitude térmica também pode trazer desafios. Períodos muito chuvosos ou abafados favorecem a proliferação de fungos e outras pragas. A geada, se muito severa, também pode prejudicar os frutos e as novas brotações, como explica o presidente da Cooperativa Mista dos Agricultores Familiares de Liberato Salzano e Região (CoopSalzano), Leandro Rubini:
— Tivemos vários desafios no último ano, como seca e aumento no ataque de pragas, o que influenciou bastante no custo da produção. Para quem trabalha com o mercado in natura, por exemplo, é preciso garantir a qualidade de casca e apresentação da fruta, o que exige um manejo diferenciado, com maiores investimentos.
Em todo o Rio Grande do Sul, a expectativa da Emater é de 450 mil toneladas de bergamotas, laranjas e limões, em um trabalho que envolve mais de 10 mil famílias gaúchas e 25 mil hectares plantados de citros. A safra de citros deste ano será 15,4% superior à safra ada, afetada pelas intensas chuvas ocorridas em maio de 2024.