
Em comparação a março de 2025, a economia de Caxias do Sul recuou -1,7% em abril. A retração foi puxada, principalmente, pelo desempenho negativo da indústria (-4,2%) e do comércio (-1,8%), enquanto que o setor de serviços teve alta de 3% no mesmo período.
Apesar desses índices, quando se leva em conta o acumulado de 12 meses, o município apresenta crescimento de 3,5%. Nesse quesito, o setor de serviços se destaca com alta de 9,5%, enquanto que a indústria (1,2%) e o comércio (0,6%) mostram sinais de estagnação.
Os dados foram divulgados nesta terça-feira (10) por representantes da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias) e Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL Caxias).
No acumulado dos quatro primeiros meses de 2025, o levantamento deixa claro que o cenário da economia caxiense é de desaceleração. De janeiro a abril deste ano, a indústria apresenta retração de 4,5% e, o comércio, de 0,2%. Já os serviços acumulam crescimento de 5,9%, contribuindo para que o desempenho geral da economia caxiense, neste ano, registre queda mais moderada, de 0,7%.
— A gente traz uma sinalização clara de um desaquecimento da economia de Caxias do Sul. Ou seja, vamos crescer em ritmo menor, essa é a nossa expectativa. O que pode mudar isso, futuramente, são alguns efeitos da safra agrícola, algumas linhas de crédito, principalmente o agro que mexe bastante com a nossa indústria aqui. Porém, o juro é muito alto. O investidor, o produtor, o industrial, ele acaba não investindo, o que adormece um pouquinho mais a nossa economia local — esclareceu o diretor de Planejamento, Economia e Estatística da CIC Caxias Tarciano Mélo Cardoso.

Exportações e importações também registram queda
Em relação ao comércio exterior, também houve retração em abril. As exportações caíram 9,1% e as importações, 15,9% em relação ao mês anterior.
Sendo que, uma das questões que envolvem esse setor são as taxas e a batalha comercial entre grandes potências, como os Estados Unidos e China. O diretor Tarciano salientou que o efeito das tarifas impactam a economia de Caxias, mas não de forma direta.
— Diretamente tem efeito das tarifas, mas a economia de Caixas vive muito mais em cima do setor do agronegócio. Eu acredito que o nosso setor industrial é muito mais impactado pelos juros altos (do que pelas tarifas internacionais) — comentou Tarciano.
Ainda assim, o saldo da balança comercial cresceu 4,4% na comparação mensal e 254,8% frente a abril de 2024. No acumulado de 12 meses, o superávit comercial da cidade teve crescimento de 2,1%.
Vendas abaixo da expectativa na Páscoa impactaram o setor do Comércio, diz CDL Caxias
Conforme o CDL, a retração do comércio de -1,8% em abril, em ralação a março, teria sido causada pela baixa movimentação na Páscoa.
— A Páscoa não foi "aquilo", mas a gente espera, sinceramente, que por causa do Dia das Mães possamos ter um sinal positivo nas vendas (na estatística de maio). Então, a gente espera que no segundo semestre nós consigamos recuperar ou, pelo menos, manter o atual nível de atividade, que é muito importante — destacou o assessor de Economia e Estatística da CDL Caxias, Mosár Leandro Ness.
Mosár explicou ainda como o segundo semestre também deve ser mais positivo devido a população já ter feito o pagamento de outros tipos de impostos, como IPTU e IPVA.
— No primeiro semestre tem uma característica. Nós amos cinco meses pagando a maior parte dos impostos e seguros e, enfim, todas as taxas. Então, a renda das pessoas é menor e tudo isso tira dinheiro de circulação. Tradicionalmente, no segundo semestre, as vendas tendem a ser melhores e o movimento tende a ser melhor em função disso — ressaltou o assessor.
Ramo duro sente impacto
As vendas no ramo duro, referente aos bens duráveis, também foram responsáveis pelo desempenho negativo do comércio. Houve retração de -3,57% em abril, na comparação com março, e queda de -1,76% no acumulado do ano. Em 12 meses, porém, a alta está em 0,45%.
O único segmento com desempenho positivo no ramo duro foram os materiais de construção, que avançou 2,73%.
Segmentos mais afeitados:
- Eletrodomésticos, móveis e bazar (-7,19%)
- Informática e telefonia (-6,94%)
- Materiais elétricos (-4,54%)
- Óticas, joalherias e relojoarias (-3,57%)
- Automóveis e autopeças novos (-3,12%)
- Implementos agrícolas (-1,52%)
Por outro lado, o ramo mole (bens não duráveis) teve expansão de 3,10% em abril, acima dos 2,14% de março. O acumulado do ano registrou alta de 4,30%, e nos últimos 12 meses de 1,05%.
O resultado negativo foi registrado em farmácias (-6,37%) e livrarias, papelarias e brinquedos (-4,28%).
Segmentos com melhor desempenho:
- Vestuário, calçados e tecidos (7,68%)
- Produtos químicos (4,24%)
Mercado de trabalho segue com saldo positivo
Apesar da desaceleração na atividade, o mercado formal de trabalho manteve saldo positivo em abril, com a geração de 298 vagas com carteira assinada. O setor de serviços foi o principal responsável pela criação de empregos (261 postos), seguido por comércio (137), construção (42) e indústria (35). Apenas a agropecuária teve saldo negativo, com fechamento de 177 vagas.